Vazio

Vazio


         E não há nada pior do que eu tenho sentido. Não há nada pior do que esse vazio inexplicável em meu peito — em minha alma. É uma sensação desagradável. Um nó na garganta que não se desfaz. Uma necessidade de algo ou de alguém. E para completar uma vontade louca de chorar.
        Eu me pergunto: o que me falta? E a resposta eu não sei, só sei que me falta algo. Não consigo pensar no meu futuro sem me assustar, não consigo olhar para o passado sem sentir saudades e não consigo ver o presente e não sentir pena de mim mesma. Sem razão alguma.
        De algum modo aqui dentro, sinto que estou deixando minha vida passar sem ao menos fazer dela algo memorável. Leio romances e sonho com príncipes que não existem. Olho ao redor e a realidade é dura e fria: eu sou solitária e triste. E quando digo que sou — ao invés de estou — é porque não é um estado, já que, não importa com quem esteja, a sensação de vazio é inalterável. E eu sei, é patético!
       Gostaria de me entender mais. Por que eu só encontro beleza nas coisas tristes? Só me identifico com elas? Talvez seja porque eu tenha uma alma triste. Uma alma que gosta de sofrer por ser tão sensível e tentar carregar todas as dores do mundo — ou pelo menos, grande parte dela.
       Penso em meus sonhos, nas coisas que quero para mim. Mas com quem as compartilharei? As pessoas me parecem tão falsas e vazias de sentimento. As que eu amo tem me decepcionado e as demais eu tenho medo de me aproximar, de acabar amando e me decepcionando. Então que sentido tem tudo isso? Quando eu descobrir, acho que escreverei sobre isso.

0 Responses

Postar um comentário